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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Arquivos de Macau

«Arquivos de Macau» -A I Série (1929-1931) desta publicação foi iniciada em Dezembro de 1929, resultado da Portaria n.º 268, de 27 de Abril desse ano, tendo por finalidade «dar a conhecer todos os documentos de interesse histórico que forem encontrados nos arquivos do território de Macau».
Foi, sem dúvida, uma obra que prestou relevantes serviços à investigação sobre a história das regiões banhadas pelo Indico e Pacífico, na altura em que ainda não existia o Arquivo Histórico de Macau como instituição vocacionada para recolher, guardar e conservar os documentos da Administração Pública do território.
Uma enorme quantidade de documentos foram então publicados, arrancados das arrecadações onde jaziam sem as mínimas condições de conservação, de segurança e sem qualquer tratamento arquivístico. Muitos milhares de documentos conheceram então a luz do dia.
Dez anos de paragem separam esta fase da seguinte; os tempos eram difíceis, estava-se em plena Segunda Guerra Mundial. Depois deste interregno, a nova série, que então surge, teve apenas um ano de vida (II Série, 1941).
Em Fevereiro de 1964, aparece a terceira série que continua fiel aos objectivos inicialmente traçados. Nesta altura, destacou-se Luís Gonzaga Gomes como responsável da Biblioteca Nacional de Macau e principal impulsionador dos Arquivos de Macau (III Série, vols. I a XXXII, 1964 a 1979). A publicação foi retomada de 1981 a 1988 (IV Série).
Hoje em dia cabe ao Arquivo Histórico de Macau a preservação e divulgação dos documentos históricos, que é feita através do seu Boletim.
Estes Arquivos são relevantes para o estudo e compreensão da realidade macaense nos seus múltiplos aspectos e imprescindíveis para um trabalho sério sobre a história de Macau. Durante muitos anos não estiveram acessíveis comercialmente mas no final da década de 90 foram reeditados.
Antiga entrada do Hospital de S. Rafael

1968
«Os Arquivos de Macau» eram um facto desde 1929, muito antes da existência «de jure» e «de facto» do Arquivo Histórico de Macau que, criado no papel pelo Diploma Legislativo Ministerial n.º 5, de 28 de Junho de 1952, só se tornaria um organismo, na realidade, apenas, em 1979.
A denominação é elucidativa. Tratava-se de encontrar um meio eficaz de recuperar os documentos, existentes no Território, sobre a história de Macau e de muitos países desta região do globo, com os quais a «Cidade do Nome de Deus» se relacionou, desde o primeiro quartel do século XVI, documentos esses em péssimas condições de conservação e de segurança devido à incúria dos homens e à voracidade do clima.
O seu aparecimento tinha por finalidade, nos termos da Portaria n.º 268, de 27 de Abril de 1929 «dar a conhecer todos os documentos de interesse histórico que forem encontrados nos arquivos do território de Macau». Foi, sem dúvida, um projecto que prestou relevantes serviços ao estudo da história desta zona do mundo.
Uma enorme quantidade de documentos foi, então, publicada, depois de arrancada das várias arrecadações, onde jazia em precárias condições de segurança, sem qualquer organização e, consequentemente, sem qualquer utilidade para o investigador.
A primeira fase desta revista foi curta. Resistiu, apenas, três anos; mas cumpriu, dentro dos condicionalismos existentes, a sua missão; com efeito, milhares de documentos conheceram, a luz do dia, nesse espaço de tempo.
Dez longos anos de paragem separam esta primeira fase da seguinte.
Depois desta forçada paragem, houve que arregimentar energias e desenvolver esforços, para se retomar com determinação este projecto, mas debalde. Os tempos eram difíceis. A guerra de 1939-1945, que mergulhou o mundo no caos, foi responsável pela vida efêmera da segunda série desta revista. Teve somente um ano de vida — 1941.
A terceira, a mais longa das quatro séries, vai de 1964 a 1979. Publica, nada mais, nada menos, que trinta e dois volumes, superando, em muito, as duas séries anteriores. Ultrapassou as dificuldades então surgidas e prosseguiu o seu destino, consciente da sua histórica missão.
A quarta série teve que esperar pelo ano de 1979, para que o Decreto-Lei n.º 27/79/M, de 28 de Setembro, que reestruturou os Serviços de Educação, recriasse, no seu artigo décimo nono, o Arquivo Geral de Macau, a seguir baptizado com o nome de Arquivo Histórico de Macau. Na verdade, o atrás citado Diploma Legislativo Ministerial tinha sido uma tentativa falhada. Não passou do plano das intenções. Esta série estendeu-se até 1988, tendo dado à estampa onze volumes, já com o título mais desenvolvido «Arquivos de Macau — Boletim do Arquivo Histórico de Macau».
Sem perder de vista a sua pureza primitiva, procura, então, dar mais um passo em frente, colocando à disposição dos investigadores inventários e catálogos do seu acervo documental.
De 1988 até 1990, há uma nova paragem. Em 1991, esta publicação reaparece com o título «Boletim do Arquivo Histórico de Macau» e abandona a denominação «série».
Um projecto desta envergadura terá que ter, necessariamente, a sustentá-lo uma forte, competente e dedicada componente humana, sem a qual não teria passado de letra morta. Este não poderia, obviamente, fugir à regra. E quem é ou são as personalidades que se envolveram neste projecto desde a sua criação até hoje?
Quanto à primeira pessoa é o artigo n.º 2 da Portaria do governador interno, João Pereira de Magalhães, que instituiu este projecto, que esclarece: «Da direcção dessa publicação fica encarregado, em comissão gratuita, o professor do Liceu de Macau, dr. Telo de Azevedo Gomes». Decorridos alguns anos, a direcção da revista é assumida, em 1941, pelo cónego Morais Sarmento que publica seis números da segunda série.
Passados vinte e três anos de hibernação, explicada, em grande parte, pela Segunda Guerra Mundial e suas sequelas, tornava-se urgente encontrar uma pessoa cujo perfil se adaptasse aos objectivos prosseguidos pelos «Arquivos de Macau».
A personalidade quem em boa hora, então surgiu, foi o ilustre historiador e sinólogo Luís Gonzaga Gomes. Iniciava-se a publicação da terceira série desta revista, a mais produtiva de todas. Publicou trinta e dois volumes, com 191 números.
Com a morte de Luís Gonzaga Gomes, é o iminente historiador Monsenhor Manuel Teixeira que, com o entusiasmo e a competência que lhe são reconhecidos, retoma a publicação dos «Arquivos de Macau» até ao momento em que, com a criação do Arquivo Histórico de Macau pelo Prof. Doutor Silva Rego, se dá início, em 1981, à publicação da 4.ª e última série dos «Arquivos» que se estendeu até 1988.
A partir desta data, há um novo intervalo que vai até 1991, altura em que se entra na última fase desta publicação, com o título «Boletim do Arquivo Histórico de Macau», agora da responsabilidade do Instituto Cultural de Macau/Arquivo Histórico.
Esta é a galeria dos homens ilustres, responsáveis pelo êxito deste projecto que, em boa verdade, representou um marco assinalável no panorama do estudo da grande história deste pequeno território.
Palavras de Isaú Santos, Vice-Presidente do Instituto Cultural de Macau em Maio de 1998.

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