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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Gastronomia macaense

Um toque de Moçambique, outro de Malaca e da Índia, aos quais ainda se juntam os ingredientes da China às receitas de Portugal: assim nasce a culinária macaense, uma gastronomia centenária fortemente marcada pela confluência de sabores
“Dizer que a culinária macaense é um parente pobre da gastronomia chinesa é errado, tal como também o é dizer que é muito parecida à comida portuguesa, porque é muito mais do que isso”. Quem o afirma é Hugo Bandeira, membro fundador da “Confraria da Gastronomia Macaense”, argumentando que a comida macaense é uma mistura dos vários ingredientes que os portugueses foram recolhendo na rota de Portugal até Macau. “A culinária macaense até nos pode fazer pensar que já provamos algo parecido em Malaca ou qualquer coisa semelhante na Índia ou Moçambique, porque eram exactamente os portos por onde passavam os portugueses, recolhendo ingredientes que acabavam por ser misturados em Macau”, justificou o também o professor do Instituto de Formação Turística.
Uma opinião partilhada pelo presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), José Manuel Rodrigues, que realça que a gastronomia macaense “é, por natureza, uma grande mistura de diversas culinárias existentes em vários locais do mundo”. Mas o mesmo responsável ressalva que, mesmo com toda esta fusão de culinárias, a gastronomia macaense “tem o seu sabor próprio e genuíno”. “Ao longo dos séculos adaptamos culinárias de diversas origens, mas mantivemos a originalidade da nossa cozinha”, frisou o dirigente.
in Tribuna de Macau 2007

A cozinha de Macau é, ao contrário do que muitos possam pensar, essencialmente composta por pratos de origem tradicional portuguesa, que foram posteriormente adaptados aos recursos locais e enriquecidos com as incomparáveis especiarias orientais. Este livro, com magníficas ilustrações, apresenta-nos variadas receitas, de salgados e doces, tal como preparadas em casa de José Vicente Jorge, avô da autora e um grande conhecedor da Arte Culinária. A Cozinha de Macau contribui para conservar o 'património gastronómico' macaense e transmiti-lo às gerações vindouras, dando-lhes a conhecer uma série de pratos requintados, agradáveis ao paladar e de preparação fácil. Para Graça Jorge a gastronomia macaense "é uma cozinha crioula de raiz portuguesa. Teve todas as influências, os sabores e ingredientes, que os navegadores foram encontrando no seu caminho até ao Extremo Oriente. Uma vez instalados em Macau, não há dúvida que foi a cozinha chinesa que pesou na confecção: utiliza-se o wok para cozinhar quase tudo e o vapor - o cuscus, no nosso patuá. E há uma particularidade muito gira na cozinha macaense: todos fazemos os mesmos pratos mas de família para família há sempre um segredo, um ingrediente a mais ou a menos. Cada uma tem orgulho nas suas receitas que passam só dentro da família."
Alguns pratos da cozinha macaense:
arroz chao chao de bacalhau; minchi; arroz de Pato no Forno; arroz de Costeleta no Forno (Cok Tjú Pá Fán); arroz de Peixe no Forno; galinha à Macaense (Pou Kok Kai); galinha africana; arroz carregado e porco balichão tamarinho; arroz gordo; bifes recheados; bife sal-pimenta de Macau; bife Teresa; cabidela de pato; caldeirada à moda de Macau; caldo de raiz de lótus (lin ngau); camarões grandes recheados; camarões panados; capela, caranguejo em casquinhas, caril de galinha; caril de peixe; chai de bonzo; cilicotes fritos; chouriço vinho de alho; chut-ney de bacalhau; couve-flor frita; couve recheada; cozido à moda de Macau; diabo; farinha chau-chau; feijoada à moda de Macau; galinha assada; galinha bafá-assá; galinha embriagada; galinha com gengibre; galinha kai pin; galinha molho de sutate; inhame chau-chau com lap-yôck; iscas à moda de Macau; lombo recheado; etc...


Existem vários livros sobre a gastronomia macaense...
eis alguns exemplos:
Maria Celestina de Mello e Senna - "Bons Petiscos" (1ª edição em 1972) e "Cozinhados de Macau"; Graça Pacheco Jorge - "Cozinha de Macau", João António Ferreira Lamas - "A Culinária dos Macaenses"; Maria João Santos Ferreira "O meu livro de cozinha"; Cecília Jorge "À mesa da diáspora", entre outros...

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