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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Diocese de Macau

Rifa de caridade da Diocese de Macau em 1975
A Diocese de Macau (em latim: Dioecesis Macaonensis) é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Macau. Foi erecta pelo Papa Gregório XIII através da bula "Super Specula Militantis Ecclesiae", a 23 de Janeiro de 1576, seguindo o rito romano. Está hoje na dependência imediata da Santa Sé, abrangendo todo o território da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) da República Popular da China.
O Papa Gregório XIII, através da bula "Super Specula Militantis Ecclesiae", a 23 de Janeiro de 1576, eregiu a Diocese de Macau, com jurisdição eclesiástica inicial sobre toda a China e o Japão. Esta diocese foi, desde da sua criação, uma diocese sufragânea da Arquidiocese de Goa. Mas, tal facto perdurou até 1975, quando ela passou a estar na dependência imediata da Santa Sé.
Macau, que tornou-se num importante estabelecimento comercial português em meados do século XVI, tornou-se também num importante ponto de partida de missionários católicos para os diferentes países da Ásia, principalmente para a China e para o Japão. Além da evangelização, estes missionários e outros religiosos católicos promoveram também o intercâmbio ético, cultural e científico entre o Ocidente e o Oriente. Eles construiram também igrejas, instituições de caridade (o mais famoso delas é a Santa Casa da Misericórdia) e de educação, nomeadamente o Colégio de S. Paulo (fundado no séc. XVI) e o Seminário de S. José (fundado no séc. XVIII). O principal objectivo destas instituições académicas era formar missionários e padres. Mas, infelizmente, o Colégio foi destruído por um incêndio em 1835 e o Seminário, devido à falta de vocações sacerdotais, deixou de funcionar em 1967. Para além dos missionários jesuítas, várias ordens religiosas e missionárias, como por exemplo os franciscanos, os agostinianos, os dominicanos e a Congregação das Madres Clarissas, estabeleceram-se em Macau durante os séculos XVI e XVII e hoje ainda continuam a estar presentes e activos em Macau. A presença de Salesianos em Macau se fez sentir com a criação do Colégio Dom Bosco e do Instituto Salesiano.
O primeiro Bispo de Macau foi D. Leonardo de Sá, que só chegou a Macau em 1581, sendo a Diocese administrada por D. Belchior Carneiro Leitão até à data mencionada. Foi este bispo jesuíta português que fundou, em 1569, o "Hospital dos Pobres" (e mais tarde foi renomeado de "Hospital de São Rafael") e a Santa Casa da Misericórdia, a primeira instituição europeia de caridade e de beneficência em Macau que tem por objectivo atender às necessidades dos pobres da Cidade. Esta instituição contribuiu muito para o desenvolvimento da assistência social da Cidade. D. Belchior fundou também uma leprosaria junto da Igreja de S. Lázaro para cuidar dos leprosos.
Com a criação da Diocese de Funay no Japão (em 1588) e das Dioceses de Pequim e de Nanquim e do Vicariato Apostólico de Tonquim (em 1676), a jurisdição da Diocese de Macau foi muito reduzida e albergava não muito mais do que as Províncias chinesas de Guangxi e de Guangdong. Enquanto que perdia território na China e no Japão, novos territórios do Extremo Oriente foram entregues à Diocese, como por exemplo a Malásia e o Timor, exceptuando porém as Filipinas. No entanto, com o decorrer dos tempos, a Igreja Católica começou a criar gradualmente novas dioceses e circunscrições eclesiásticas no Extremo Oriente e, consequentemente, a Diocese de Macau começou, aos poucos, a perder territórios e igrejas que outrora foram criadas e/ou administradas por ela. Em 1981, a Paróquia de São José (em Singapura) e a Paróquia de São Pedro (em Malaca) desmembraram-se da Diocese de Macau, tornando-se assim nos 2 últimos territórios eclesiásticos da Diocese que se localizavam fora de Macau. Por isso, desde 1981, esta circunscrição eclesiástica abrange somente o território da RAEM.
A Diocese era também a sede do Padroado Português no Extremo Oriente, querendo isto dizer que o Estado Português patrocinava e protegia a Igreja Católica nos seus domínios. Mas, mesmo assim, isto não impediu que o Marquês de Pombal expulsasse todos os jesuítas, que na altura era uma poderosa ordem religosa no Império Português, de Portugal e dos seus territórios ultramarinos (incluindo Macau), em 1762. Depois deste acontecimento que prejudicou bastante pelo menos a actividade missionária no Extremo Oriente e o ensino em Macau, o Governo Português, mesmo mantendo o Padroado no seu Império, adoptou várias vezes, principalmente durante a primeira metade do século XIX, políticas duras contra as ordens religiosas, como por exemplo a sua expulsão de todos os territórios portugueses.
Nos últimos 50 anos, para responder às necessidades sociais, a Diocese de Macau desenvolveu vários projectos com vista ao bem-estar social, tais como a construição de escolas, de creches, de clínicas, de lares para idosos, de sanatórios para doentes, e de centros de formação profissional. Como por exemplo, nos finais da década de 70 e inícios da década de 80, com a intensificação da vinda de refugiados a Macau, a Diocese acolheu ao todo 70 mil refugiados da China Continental e 4 mil do Vietname, prestando-lhes um bom serviço sócio-assistencial e educativo. A Casa Ricci, fundada em 1954 pelo padre espanhol Luis Ruiz, tornou-se num verdadeiro centro de acolhimento e de assistência humanitária e cristã a centenas de milhares de refugiados chineses.
O último Bispo de etnia portuguesa desta diocese foi D. Arquimínio Rodrigues da Costa, cujo bispado durou de 1976 a 1988, sendo substituído por D. Domingos Lam Ka-tseung, o primeiro bispo de etnia chinesa desta diocese, cujo bispado terminou em 2003. Ele era natural de Hong-Kong. Faleceu este ano (2009). O primeiro bispo natural de Macau (segundo de etnia chinesa) da Diocese é o Bispo actual, D. José Lai Hung-seng.

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