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quarta-feira, 22 de abril de 2009

Escritores de Macau

A presença literária portuguesa no Extremo-Oriente começa com Camões e Bocage e prossegue com Camilo Pessanha e Wenceslau de Moraes já no século XIX. Outros se seguiram...


Manuel da Silva Mendes (1867-1931) registou a terra em que viveu 30 anos. Colaborador de vários jornais da época (A Vida Nova, Jornal de Macau, Pátria) e de revistas (O Oriente, Revista de Macau), as crónicas que mais representam a cidade foram seleccionadas por Graciete Batalha em Macau, Impressões e Recordações (1979).
O romancista português Joaquim Paço d’Arcos, filho do governador de Macau (1918-1923), Henrique Correia da Silva Paço d’Arcos, publicou duas obras com temas macaenses: Amores e Viagens de Pedro Manuel (1935) e Navio dos Mortos e outras Novelas (1952).
Curiosidades de Macau Antiga e Lendas Chinesas de Macau, Efemérides da História de Macau (1954), Chinesices e Macau, factos e lendas são crónicas, que registram memórias e aspectos da vida e da história da Cidade do Nome de Deus, do macaense Luís Gonzaga Gomes (1907-1976). Grande conhecedor da língua chinesa, além de ter traduzido muitos textos chineses, publicou também os Vocabulários Cantonês-Português (1941) e Português-Cantonense (1942). O seu espólio encontra-se atualmente no Arquivo Histórico de Macau.

Português de nascimento, mas vivendo em Macau há mais de 60 anos, o emérito historiador Padre Manuel Teixeira tem mais de uma centena de títulos publicados. A sua vasta obra aborda Macau desde a chegada dos portugueses, no século XVI, até ao final do século XX. Galeria dos Homens Ilustres do Século XIX (1942), Macau através dos Séculos (1977), Vultos Marcantes em Macau (1982) são algumas de suas obras de valor não só histórico mas também literário.
Três escritoras têm-se destacado pela temática macaense. Deolinda da Conceição publicou contos no jornal Notícias de Macau, posteriormente editados no livro Cheong-Sam, a Cabaia (1956).

Maria Pacheco Borges, colhendo impressões entre o povo chinês de Macau, regista-as em Chinesinha (1974).
Maria Ondina Braga, cujo percurso literário vem sendo marcado desde os contos A China Fica ao Lado (1968), insere-se numa poetização da prosa em obras mais recentes sobre o Território: Nocturno em Macau (1991) e Dias de Macau em Passagem do Cabo (1994).
Dos prosadores macaenses do final do século XX salientam-se: Henrique de Senna Fernandes, e Rodrigo Leal de Carvalho.

Senna Fernandes com o gov. Nobre de Carvalho no final de década de 1960

Senna Fernandes publicou Nam Van – contos de Macau (1978) e os romances Amor e Dedinhos do Pé [1986] e A Trança Feiticeira (1993), estes dois últimos adaptados para o cinema.
Rodrigo Leal de Carvalho, romancista que se vem destacando na década de 90, apresenta paisagens e personagens com fortes traços macaenses em: Requiem para a Irina Ostrakoff, Construtores do Império e Quarta Cruzada.
Referência ainda para os textos em patois, dialeto falado em Macau durante quatro séculos, tendo como base a língua portuguesa do século XVI (segunda metade) e do século XVII. O poeta e prosador José dos Santos Ferreira, conhecido na Cidade do Nome de Deus por Adé, é seu maior representante. Suas obras Poéma di Macau (1983) e Macau, Jardim Abençoado (1988) são expressões vivas do dialeto, a doce língua maquista, não mais falado nos dias atuais.

2 comentários:

  1. Prezados, onde, no Brasil, é possível acessar ester livros?

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  2. Nas plataformas de internet e bibliotecas como a do Real Gabinete de Leitura, no Rio de Janeiro. Cumps

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