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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

As esculturas de Wong Ka Long

No Jardim do Carmo, na Taipa, existe desde 1999, uma estátua feita em bronze de Luís de Camões. O seu autor foi Wong Ka Long, na altura com 22 anos. 
Estava a concluir a licenciatura em Artes em Cantão quando foi desafiado por um professor a fazer uma escultura que fosse um retrato do que é a sua terra natal (Macau). Wong acabaria por escolher a figura de Luís de Camões.

Seis meses depois, Camões ganhou nova vida nas mãos de Wong Ka Long que se inspirou numa versão chinesa de ‘Os Lusíadas’ e numa nota de 50 patacas com a figura de Camões para encontrar a silhueta do poeta que surge de olhos fechados e a gesticular. 
Mais tarde, Wong recebeu uma proposta do governo para que a sua estátua decorasse uma parte do Jardim do Carmo, na Taipa, junto à igreja dedicada a Nossa Senhora do Carmo.



 
Natural de Macau e com 22 anos de idade, Wong Ka Long, disse ter concebido a estátua como “tributo aos tempos de infância quando ia passear para o Jardim de Camões”. A obra em bronze tem 2,1 metros de altura e representa o poeta, guerreiro em corpo inteiro sem a habitual venda num dos olhos e com a pena em riste: “Numa mão sempre a espada e noutra a pena” como refere uma passagem de “Os Lusíadas” que ficou reproduzida na base da estátua. Na cerimónia da inauguração, presidida pelo Governador Rocha Vieira, três crianças leram em Português, e um declamador local recitou em Cantonense, versos de “Os Lusíadas”.
Wong Ka Long numa foto de Chang Seng Pong
Excerto de uma entrevista ao projecto C2: "A escultura de Camões foi a minha peça de fim de curso, em 1999. Nessa altura, eu tinha em mãos apenas uma nota de 50 patacas com a imagem de Camões. E pensei, “devo tornar Camões numa figura militar ou num poeta”? O meu professor disse-me que Camões era uma figura literária e é claro que tinha de o esculpir dessa forma. Por isso, a minha escultura revela Camões vestido descontraidamente com algo semelhante a roupa de dormir e que, a meio da noite, está só e pensativo. Gosto da sensação de ser livre, de não ter restrições, e foi isso que tentei projectar em Camões, o poeta."

Outra das esculturas da autoria de Wong Ka Long que está exposta em Macau é uma estátua de bronze de Matteo Ricci, em tamanho real, colocada junto às ruínas do antigo Colégio de São Paulo, a primeira universidade de tipo ocidental no Oriente, fundada no século XVI. 

Em declarações ao JTM em 2010 o autor explicou que a estátua de Matteo Ricci:
"nasceu no estúdio na galeria Art Base 1, junto ao Mercado Vermelho, em fibra de vidro, onde se encontra, aliás, o modelo original que resultou nas três esculturas que concebeu. Segundo contou, além da que vai para as Ruínas, uma outra ficará em Macau, sendo que a terceira segue para a “Fu Jen Catholic University” de Taiwan."
Junto ao colégio D. Bosco (Jardim da Montanha Russa), está uma estátua com a imagem de D. Bosco com uma criança. A escultura já antiga (inaugurada em 1989 no centenário do nascimento) apresentava-se degradada e Wong Ka Long foi chamado a criar outra à semelhança daquela. Em cima as duas versões da estátua de S. João Bosco.

domingo, 25 de setembro de 2016

Museu da Farmácia: farmácia tradicional chinesa Tai NengTong

O Museu da Farmácia, localizado em Lisboa, nº 1 da Rua Marechal Saldanha (perto do Largo de Camões) foi inaugurado em 1996 e reúne cronologicamente, material alusivo à história da farmácia. Inclui uma ala com cenários em tamanho real de vários estabelecimentos farmacêuticos ao longo de diferentes épocas, sendo de destacar uma farmácia tradicional chinesa de Macau, do final do século XIX, a Tai Neng Tong (na imagem)
Esta farmácia funcionou na Rua 5 de Outubro até 1998. Os armários são em madeira lacada com arcos e painéis em madeira exótica, antigas obras em talha dourada, representando corsas, pássaros e folhas. (As imagens são do site do museu.)

O espólio do museu é constituído por cerca de 13 mil peças arqueológicas e histórias relativas à prática da farmácia, relativas a diferentes épocas e lugares - objectos provenientes de Roma, Grécia, Mesoptâmia, Arábia, Meso-América, China, Macau, Japão, datados desde a Antiguidade, passando pela Idade Média e Renascimento, pelos séculos XVIII e XIX, até aos nossos dias.
O Museu da Farmácia foi distinguido com os prémios Melhor Museu Português em 96/97/98 (Associação Portuguesa de Museologia) e Melhor Projecto Farmacêutico em 99 (Revista Farmácia e Distribuição).

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

BNU: emissão para Timor em patacas (1945)

Já aqui abordei a questão das particularidades das emissões do BNU para Timor, nomeadamente das "patacas". Para este post seleccionei apenas a emissão de Novembro de 1945, a última antes de Timor passar a ter "escudos", e que não obstante ter motivos alusivos a Timor - "Habitações Indígenas" -, tem inscrições em chinês. Passou a circular após a derrota dos japoneses e reocupação de Timor pelas forças portuguesas. 
Este emissão foi feita ao abrigo do decreto nº 17154, de 1929, segundo o qual o governo português definiu com o BNU as condições para actuar como banco emissor, banco comercial e "participação no crédito de fomento colonial". Com este decreto o BNU passaria a ser banco emissor das colónias portuguesas durante 30 anos, ou seja, até 1959.
Estas notas chegaram a Timor apenas em Janeiro de 1946 e algumas apenas em 1947. Foram emitidas notas com valor facial de 1, 5, 10, 20 e 25 patacas. Fabricadas em Londres pela Waterloo & Sons Ltd (algumas fontes referem ter sido impressas no Porto) vigoraram até ao final de 1960.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Patuá, the Sunset Creole

Filo di quim?

A Macanese would expect to stumble upon the question “filo di quim” in Patuá during a first encounter with another Macanese. Literally meaning something like, ‘To whom you are born?’, this question serves as a mark of kinship on many levels. By identifying your surname, you confirm your genealogical link of Macanese descent. However, you also identify yourself as Macanese because you are able to understand Patuá, the sunset creole of Macau.
Macau is a small territory situated at the mouth of the Pearl River in Southern China that was initially just 8 km2 of land mass [1]. At first a fishing village, Macau developed into a commercial port with the arrival of the Portuguese in the 16th century. Macau’s location and history made it a place of constant controversy between the East and the West, which has given rise to the three major ethnic categories extant in the city today: the Portuguese, the Chinese, and the Eurasian creole community known as the Macanese.
The Macanese are Macau’s indigenous Eurasian residents. It is believed that the first Macanese arose from intermarriages among Portuguese colonizers with Asians and/or African colonial subjects, and so Macanese are therefore a bilingual (or even trilingual) cultural group, with a language preference of Portuguese accompanied by Cantonese (a Chinese dialect spoken in South China), and/or English. However, as the Macanese are not quite an ethnic group or a nationality, the actual definition of Macanese has always been notoriously ambiguous. Even scholars express difficulty when attempting to clearly define the Macanese identity. Anthropologist João de Pina-Cabral, for example, began his account of the Macanese by saying “it is impossible to know how many of the inhabitants of Macau consider themselves to be Macanese.” [2] Traditionally, however, the Macanese have been distinguished from other ethnic groups by their Catholicism, their food (which has always incorporated spices from various Portuguese colonies), their kinship and traditional families, and their language use. They are known in Portuguese asMacaenses, Orphãos de Oriente (literally ‘Orphans of the Orient’); in Cantonese as to saang土生 [3] (literally ‘land born’), tou saang chai 土生仔 and touh saang pou yahn 土生葡人 [4]; and in their creole dialect Patuá as Macaísta, Maquista, Macau-filo and Maquista chapado [5].
Casamento dos avós maternos de Elisabela Larrea
Língu Maquista
Patuá is a creole language of Macau that was once commonly used within the Macanese community. Linguists believe it was derived from Papiá Cristang of Malacca, a similar Portuguese creole still spoken there today. It was then later influenced by Cantonese, English and Spanish elements, and particularly by the Indian Canarim, a language of Goa [6]. It is also known as língua nhonha (‘women’s language’), maquista, papiaçám andpapiâ Cristâm di Macau [7] (‘Christian Language of Macau’). The learning of this language required some level of group belongingness and knowledge passed down orally across generations. Its first record in Portuguese history was by Francisco Adolfo Coelho (1847–1919) in his monograph of Portuguese dialects spoken outside Portugal [8].
Patuá went through different phases of development. Initially a pidgin that incorporated words from Portuguese and native languages to aid communication, it was then later developed into a creole with its own grammatical structures and vocabularies. Considered as ‘broken Portuguese’ by the metropolitan Portuguese, it appears to bear a simpler language form with less demand for grammatical precision and formality. Worldwide, pidgins and creoles are usually abhorred when compared to other, more so-called ‘complete’ languages. However, having been listed by the United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) as a ‘critically endangered’ [9] language in the year 2000 (when the number of Patuá speakers was recorded at 50), this creole must be studied and preserved in order to survive. The creole language reflects the Macanese self-image and traditions, which serves as a cultural representation of the community.
According to Hao, the Macau creole was a living means of communication for approximately 300 years, between the 17th and 19th centuries [10]. As a creole language, Patuá had various functions in the colonial era. Patuá was used as a domestic language between the Portuguese and natives. It also served as a marker of social class, as people who spoke the creole or ‘broken Portuguese’ were regarded as less educated and of a lower class than those who spoke standard Portuguese. João Feliciano Marques Pereira (1863–1909), a dedicated researcher of Patuá, categorized three forms of Patuá [11]:
• macaísta cerrado or macaísta puro, literally “pure Macanese”, which was the original form spoken by the creole community;
• macaísta modificado pela tendência a aproximar-se do portuguez corrente, literally “Macanese modified in order to approximate itself to current Portuguese”— this form of the creole was spoken by more upper class Macanese, to make themselves appear closer to metropolitan Portuguese through language use; and finally
• macaísta fallado pelos chins, literally “Macanese spoken by the Chinese”.
Throughout the colonial era, the Portuguese secured their control over the creole Macanese beginning in the late 19th century. They did so via measures such as enforcing the use of the standard Portuguese language throughout the colony, thus depriving the Macanese of the opportunity for a more individual and independent expansion of their creole culture [12]. Patuá was suppressed in schools and standard Portuguese language education was implemented. Moreover, restriction of high ranking government positions to Metropolitan Portuguese indicates that though the Macanese were subjects of the Portuguese empire, they were nonetheless not treated as equals in the hierarchical system. This meant that by the early 20th century, the creole dialect or língu maquista was being abandoned in large numbers. For one, the pidgin accent was thought to ‘spoil’ thepure Portuguese accent, while the creole community, hoping to ‘whiten’ themselves and claim a closer relationship with colonial power, became involved in higher administrative positions, often acting as the bridge between the Portuguese and Chinese. Unfortunately, by attempting to increase their pragmatic importance in this way, many Macanese thus abnegated their language, which ‘disappeared altogether in less than a century’ [13].
The sunset glow
In 1987, the Sino-Portuguese Joint Declaration was signed between the Portuguese and the People’s Republic of China (PRC) governments, consenting to return Macau to Chinese sovereignty on December 20, 1999. This granted Macau the Special Administrative Region (S.A.R.) status of ‘one country two systems’ for at least 50 years starting from the handover [14], and gave it a relative “high degree of autonomy” and its own legal system. Major social and political changes started during the transition period [15]: for instance residents born after 3 October 1981 were no longer Portuguese nationals; the Chinese language became Macau’s official language [16] in 1991 [17], and Portuguese public holidays were replaced with Chinese ones. All these constituted a new social and political environment for Macau.
The shift of administrative status provoked spirited discussion within the Macanese community on how to protect the unique elements of Macau’s Portuguese identity. All but lost as a language of daily conversation by the 1950s, and today spoken fluently by only a handful of people, Patuá became one of the core markers of Macanese culture to be preserved.
As a home language, Patuá lacks orthography and written documentation; accompanied by its abandonment, its preservation is a challenging task. José de Santos Ferreira, commonly known as Adé, is considered to have been the last person with comprehensive knowledge of macaísta cerrado. Adé “reinvented Patuá… and his output was indeed vast: [he] dedicated himself to poetry and prose, wrote lyrics for songs, translated poems and sonnets, recorded cassettes for radio programmes.” [18]. An influential figure in creole theatre who later prompted the establishment of theatrical group Dóci Papiaçam di Macau(literally ‘Sweet Language of Macau’, also a synonym for Patuá), Adé was an active member of previous creole theatre groups that performed récitas macaísta (‘Macanese theatrical pieces’).
Récita macaísta performances first appeared in the 1930s, presented by a group of Macanese known as the Grupo de Amadores de Teatro (‘Amateur Theatrical Group’). This creole theatre was used as a means of intervening in social and political issues through the use of light comedy as an expressive tool and the stage as a public space for commentary. In 1992, just five years after the Joint Declaration, a group of well-known Macanese, including Adé, Cecília Jorge, and Julie de Senna Fernandes, initiated a meeting in an attempt to create a new creole theatre group that was initially known as Teatro Amador de Macau (‘The Macau Amateur Theatre’) [19]. The objective of this group was ‘a revival for survival’ [20]. Sadly, the death of Adé came shortly after these meetings and the loss of this representative figure of the dialect shocked the creole community, prompting awareness of the need to preserve the dialect that once defined the Macanese.
Also among the group that met in 1992 was Henrique de Senna Fernandes, a Macanese writer, lawyer and influential political figure. His son, Miguel de Senna Fernandes, became one of the founding members of the creole theatre company which became known as Dóci Papiaçam di Macau in 1993. He is currently the scriptwriter and director of the group, presenting a theatrical piece every year. The theatre’s dialect is a form of discourse for the community, and the performance functions as a reunion site for the community. In 2012, Patuá theatre was inscribed on the List of Macao S.A.R. Intangible Cultural Heritage.
Today, language continues to play a major role in the construction of identity. The dialect is a form of discourse by which the Macanese present their identity, a medium from which many Macanese gain a sense of self and community belonging. However, with the establishment of Macau Special Administrative Region, reduced creole intermarriages and the influences of globalization, the Chinese language has become predominant as the language of government and everyday social life. With this change of political environment, the continued survival of Patuá and creole culture is facing a crisis.
Just like the sunset glow that flourishes with its diversity of colors and layers before absolute darkness, all sorts of media to promote the dialect have been employed. The creole dialect, with its locality, has become representative of difference. Efforts to stretch its continuity further have been made via theatre performances, creole songs, short films, social communications such as Facebook and even flashcards. The generation that once forsook the sweet language (Dóci Papiaçám) is learning it all over again; as my mother once said, “our parents gave up what was ours for a language that isn’t, now we are left to grab back what truly represents our culture, our spirit. Patuá is our language; it is ours.” I believe that Patuá, a creole dialect seen as facing extinction, is like a terminal cancer; as a responsible doctor, we have to continue fighting, in hopes that a miracle will come.
Artigo de Elisabela Larrea publicado na Unravel Issue 8 a 20.9.2016
Frases em patuá no 20º aniversário do grupo de teatro Dóci Papiaçám di Macau di Macau 
[1] Usellis, William R. The Origin of Macao: a master dissertation submitted to the Faculty of the division of the Social Sciences. Department of History. Chicago, Illinois: 1958.
[2] Pina-Cabral, J. de. (2002). Between China and Europe: Person, Culture and Emotion in Macao. Continuum.
[3] Pina-Cabral, ibid.
[4] Clayton, C. H. (2009). Sovereignty at the Edge: Macau and the Question of Chineseness. Harvard University Asia Centre.
[5] Senna Fernandes, Miguel de and Alan Baxter. Maquista Chapado: vocabulary and expressions in Macao’s Portuguese Creole. Macau: Cultural Institution of Macau, 2004.
[6] Amaro, Ana Maria. Sons and Daughters of the Soil: the first decade of Luso Chinese Diplomacy. Review of Culture 20 (2nd series English Edition). Instituto Cultural of Macau, Macau: 1994.
[7] Senna Fernandes, ibid.
[8] Azevedo, R. (1984). A Influência da Cultura Portuguesa em Macau. Instituto de Cultura e Língua Portuguesa: Ministério da Educação.
[9] UNESCO’s Atlas of the World’s Languages in Danger (2009). http://www.unesco.org/languages-atlas/index.php?hl=en&page=atlasmap&cc2=CN
[10] Hao, Zhidong. (2011). Macau History and Society. Hong Kong University Press.
[11] José Feliciano Marques Pereira, Ta-Ssi-Yang-Kuo, 大西洋國, Arquivos e Anais do Extremo-Oriente Português (1899-1903.
[12] Hao, Z. (2010). Macau History and Society. HKU Press.
[13] Pina-Cabral, ibid.
[14] The official transfer of sovereignty occurred in the midnight of December 20, 1999, also known as the handover.
[15] Transition period of Macau is between the signage date of the Joint Declaration and the handover.
[16] Macau S.A.R. official languages are Chinese and Portuguese.
[17] Wang, Z. (1994). “O Estatuto oficial do chinês e bilinguismo durante o período de transição em Macau”. Administration Magazine, No. 23, Volume VII. Public Administration and Civil Service Bureau.
[18] Jorge, C. (1994). The Macanese Récita and the Língu Maquista, Macau Magazine, Special 1994. Livros do Oriente: Macau.
[19] Jorge, ibid.
[20] Coutinho, P. (1994). Dóci Papiaçam di Macau: the art of survival. Macau Magazine, Special 1994. Livros do Oriente: Macau.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Um milhão de pageviews

Quase a completar oito anos de existência o projecto Macau Antigo acaba de ultrapassar a marca de um milhão de pageviews. Obrigado! Thank you! Mkoi Sai!
Para assinalar o feito em breve darei conta de algumas iniciativas.
http://macauantigo.blogspot.com/

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

A festa do bolo "lunar" ou "bate-pau"

... ou do "bolo bate-pau", como se diz no patuá... é de origem chinesa e tem raízes profundas em Macau. Manda a tradição que no décimo quinto dia do oitavo mês do calendário lunar (tb se denomina festival do outono) todos os elementos da família se juntem para jantar, saindo depois de casa para contemplar a lua (a mais bonita do ano). Os adultos levam um bolo lunar e frutas e as crianças carregam lanternas até a um lago, jardim ou praia. Aí todos se dedicam a contemplar a Lua enquanto desfrutam de um momento único de convívio familiar.
Para saber mais sobre este festividade anual convido-os a ler um excerto de um texto do início da década de 1950 (de autor anónimo).
“O povo chinês , agarrado às suas tradições, celebra os ritos dos seus antepassados sempre com a mesma característica dos tempos antigos, vincando um tradicionalismo arreigado. Embora oficialmente abolido na China, o povo é que não deixa de se orientar pelo ano lunar, barreira que ele acha mais difícil de transpor do que as históricas muralhas do celeste Império. Integrado nesse modo de pensar, celebra vários factos no decurso do ano, sendo um dos mais importantes o do dia 15 da 8.ª Lua que é designado por festa do Bolo Lunar.
Quem alguma vez presenciou a forma festiva como se celebra esta data, não se terá esquecido dos não menos célebres bolos que se confeccionam e se vendem somente nesta época do ano. Os saborosos e tão variados bolos são a vida das padarias por todos esses dias, cujas vitrinas se enfeitam com motivos alusivos a tradições lendárias que os transeuntes apreciam e contemplam demoradamente. É de ver ainda cruzar-se os presentes desses bolos levados pelos amigos aos amigos, numa graciosidade de convívio que encanta pela sua simplicidade e corrobora mais os laços de amizade já existentes.  Pela noite fora há folguedos e todos se divertem animadamente, abancando às mesas do característico jogo chinês Majong, queimando panchões que estalam, num crepitar ensurdecedor, por todas as ruas e vielas, logo que a Lua aparece no Horizonte. (...)"
PS: sugestão de leitura: artigo da autoria de Leonel Barros sobre o tema.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

O tufão Gertrudes: Setembro de 1948

A 3 de Setembro de 1948 Macau foi atingida por um forte tufão denominado Gertrudes. As fotos abaixo mostram a zona da Praia Grande, um troço da Av. da República e outro da Av. Almeida Ribeiro (San Ma Lou) bem como a ponte-cais nro 1 do Porto Interior.
 Zona do Bom Parto
 Av. da República (Calçada da Praia do lado direito)
 Vista sobre o hotel Bela Vista e Penha
Em baixo inundações na Av. Almeida Ribeiro

 Ponte cais nro. 1 no Porto Interior


O tufão Gertrudes que se formou em 27 de Agosto de 1948 a WNW de Guam, passou, em 3 de Setembro, a 110 milhas a Sul de Macau, e causou enorme estragos que foram avaliados em alguns centenas de milhares de patacas e ter provocado grandes inundações. 
Excerto do livro Tufões que Assolaram Macau. Serviço Meteorológico de Macau, Imprensa Nacional, Macau 1957, de Agostinho Pereira Natário.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

D. Arquimínio Rodrigues da Costa: 1924-2016

D. Arquimínio Rodrigues da Costa, último bispo português de Macau, morreu esta segunda-feira, aos 92 anos de idade na ilha açoriana do Pico, onde residia.
O funeral do bispo emérito de Macau realiza-se esta quarta-feira no Santuário do Senhor Bom Jesus do Pico, em São Mateus.
D. Arquimínio Rodrigues da Costa, nasceu em São Mateus a 8 de Julho de 1924; em 1938, juntamente com outros dois companheiros, foi levado para Macau por monsenhor José Machado Lourenço, missionário no Extremo Oriente, vindo a ser um dos vários bispos de Macau que nasceram nos Açores.
Entrou no seminário de S. José, completando os estudos eclesiásticos em Teologia em Junho de 1949 e foi ordenado sacerdote a 6 de Outubro de 1949.
O cabido da Sé de Macau elegeu-o como vigário capitular da Diocese a 14 de Junho de 1973. Três anos depois, Paulo VI nomeou-o bispo de Macau, sucedendo ao também açoriano D. Paulo José Tavares, e a sua ordenação decorreu na Sé a 25 de Março de 1976.
EM 1984 foi agraciado com o grau de Grande Oficial da Ordem de Benemerência, pelo residente da República Portuguesa. Em 1986, a Universidade da Ásia Oriental de Macau confere-lhe o título de Doutor “Honoris Causa” em Filosofia; e em 1988 o Presidente da República Portuguesa condecora-o com o grau de Grã-Cruz da Ordem de Mérito.
A 6 de Outubro de 1988, o Papa João Paulo II aceitou o seu pedido de resignação ao cargo de bispo de Macau passando a residir na terra-natal em Janeiro de 1989.
Em Junho de 2012, a Assembleia Regional dos Açores atribui-lhe a Insígnia autonómica de reconhecimento e a 6 de Agosto, do mesmo ano, durante a Festa do Bom Jesus, é descerrado um busto, em sua homenagem, no adro da Igreja do Santuário, oferecido pela Junta de Freguesia de São Mateus.
Curiosidades do Padre-Bispo:
- Monsenhor Manuel Teixeira, professor do Seminário, dizia que D. Arquimínio foi o aluno mais inteligente e dedicado que ele teve;
- Depois de ter sido eleito Bispo de Macau uma empregada do Seminário de S. José, passou a chamar-lhe Sanfou Chi Cau (Sanfou padre, Chi Cau –bispo)”, já que mesmo depois disso D. Arquimínio continuou a residir no quarto modesto que tinha no Seminário;
- Em Janeiro de 1976 D. José da Costa Nunes, já então cardeal da Santa Igreja, escrevia: “A Diocese de Macau acaba de ser provida de Chefe na pessoa do Pe. Arquimínio. Acertadíssima nomeação. O nomeado não é do mesmo parecer. Deve estar aterrado com o sucedido, mas dentro de pouco conformar-se-á. Sem dúvida levará a efeito uma obra de valor, mas, possivelmente, ficará na História como último Prelado do Padroado do Oriente." 
PS: Em 2009 entrevistei D. Arquimínio para o Jornal Tribuna de Macau; esse trabalho pode ser (re)visto aqui.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Emmanuelle 2: 1975

Em 1968 o ferry Tai Loy (um dos que fazia a ligação entre Macau e Hong Kong) passou a chamar-se Chung Shan. Seria utilizado nas filmagens do filme "Emmanuelle 2", de 1975, protagonizado por Sylvia Kristel.
Lê-se da esquerda para a direita.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

The 2,000.000 passenger, 40-mile "flight"

The 2,000.000 passenger, 40-mile "flight". From Hong Kong to Macao - with the help of worldwide Citibank. In 1974, more than 2 million passengers traveled by hydrofoil from Hong Kong to Macao. (...)
Era este o mote da campanha publicitária do First National City Bank plasmado num anúncio de imprensa no ano seguinte que é ilustrado com o hydrofoil Patane fotografado à partida de Hong Kong para mais uma viagem até Macau.
Este tipo de embarcação revolucionou as ligações marítimas entre os dois territórios a partir de meados da década de 1960.
As viagens nos 'velhinhos' barcos de carreira que atracavam no Porto Interior duravam quase quatro horas. Os 'novos' passaram a demorar pouco mais de uma hora.
Em baixo, um bilhete de 20 patacas utilizado num hydrofoil em 1975 numa viagem entre Hong Kong e Macau. No caso a empresa que operava era a Far East Hydrofoil Co. Ltd.

sábado, 10 de setembro de 2016

“The Butterfly Light”: evocação de Macau no LUMINA em Cascais

A não perder hoje e amanhã à noite (10 e 11 de Setembro), entre as 20h e as 24h, o espectáculo de vídeo mapping “The Butterfly Light”, que assinala a participação de Macau em mais uma edição do Lumina: Festival da Luz em Cascais.
O espectáculo de vídeo mapping dedicado a Macau é inspirado na obra clássica chinesa “The Butterfly Lovers”, que narra a trágica, mas apaixonante história de amor entre Liang Shanbo e Zhu YingTai que, impossibilitados de estarem juntos em vida por questões sociais e familiares, unem-se na morte, personificados por duas grandes e coloridas borboletas que dançam e esvoaçam apaixonadamente.
“The Butterfly Light” está a ser projectado na Muralha da Cidadela, e tem o número 8, do conjunto de 22 obras que assinalam o percurso que pode percorrer pela vila de Cascais, apreciando espectáculos de luz e cor, projecções multimédia e instalações interactivas do Festival Lumina!

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Centenário da firma F. Rodrigues

Fernando de Senna Fernandes Rodrigues (Macau, 1895-1945), filho de Fernando José Rodrigues (Funchal, 1863 – Macau, 1926) e de Alina Clarissa de Senna Fernandes (Macau, 1868-1941) foi o fundador e proprietário da Firma F. Rodrigues em 1916 comemorando nesta altura um século de actividade em Macau. Entre as várias actividades comerciais a que se dedicava a empresa distinguia-se como agente de companhias de navegação e seguros bem como pela importação de produtos portugueses, nomeadamente, vinho, enchidos e enlatados.
Actualmente o presidente da empresa é Humberto Carlos Rodrigues. Depois da morte súbita do avô, em 1945, o irmão do pai assumiu a direcção, até que Humberto Rodrigues (o pai) regressou com um “canudo” de Portugal e tomou o leme. “Não sei exactamente o ano, mas foram mais de 40 anos. Quando ele esteve enfermo, a minha irmã também tomou as rédeas, aí por volta de 1995”, recordou Humberto ao Jornal Tribuna de Macau esta semana. Em breve dedicarei um novo post a este assunto. Na imagem a sede da F. Rodrigues, na década de 1960, num dos edifícios mais emblemáticos da Praia Grande, muito perto do BNU. Ainda hoje é ali que a empresa está sedeada.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Asilo dos Órfãos (Instituto Salesiano)

 O Asilo dos Órfãos: publicação de 23 de Junho de 1936
 Fazia parte do Instituto Salesiano
 Clicar nas imagens para ver em tamanho maior

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Mosaico: vol. I nº I - Setembro 1950

Nas imagens a primeira edição da revista Mosaico - Setembro 1950
Para mais informações sobre esta publicação consultar este post