Este postal ilustrado - impresso em Hong Kong pela empresa M. Sternberg nos primeiros anos do século XX - com uma vista sobre o Porto Interior vendo-se ao fundo a ilha Verde, tem a particularidade de ter sido enviado a partir de Hong Kong para França (Lyon) a 14 de Fevereiro de 1906 e inclui de forma muito sucinta a impressão da China por parte do remetente.
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sábado, 31 de agosto de 2019
sexta-feira, 30 de agosto de 2019
Sabia que...
... o primeiro dicionário de Português-Chinês remonta ao século XVI? Deve-se aos jesuítas Matteo Ricci e Michele Ruggiere. O dicionário, feito a três colunas cobre cerca de dois mil vocábulos - desde "aba da vestidura" a "zunir" - inclui um sistema de romanização do chinês que permite estudar a língua falada na época sendo usado em Macau e nas zonas marítimo-mercantis de Cantão e do Fujian.
O manuscrito jesuíta foi descoberto em 1934 nos arquivos jesuítas em Roma e meio século mais tarde um prelado radicado em Taiwan propôs ao Instituto Cultural de Macau a sua recuperação. Ao longo dos anos teve várias reedições.
Matteo Ricci partiu de Lisboa em 1578 rumo ao Oriente, depois de ter sido recebido pelo rei português D. Sebastião.
Sugestão de leitura: "O Dicionário Português-Chinês de Padre Matteo Ricci: uma baordagem histórico linguística", da autoria do professor Joseph Abraham Levi, de 1998.
quinta-feira, 29 de agosto de 2019
"Macao Girl" por John Thomson
Postais ilustrados cuja autoria das imagens é atribuída a John Thomson com a legenda manuscrita "Macao Girl - Hong Kong China, 1868.
No blogue existem vários posts sobre este fotógrafo escocês que passou por Macau na segunda metade do século XIX. Sugiro ainda como leitura os livros: "Trough China with a Camera" (de 1898 escrito pelo próprio com mais de 300 páginas e mais de uma centena de imagens incluindo a que reproduzo em baixo) e um catálogo intitulado "China: Trough the lens of John Thomson", publicado em 2010.
Excerto das impressões de J. T. sobre Macau no livro de 1898:
"Macao is interesting as a Portuguese settlement, and the only one which now remains to Portugal of those which her early traders founded in China ; it can also boast of historic associations, "ivino- it a special and independent attraction. Here the poet Camoens found a retreat, and here, too, Chinnery produced a multitude of sketches and paintings, which have really had some influence on art in the South of China."
Born two years before the invention of daguerreotype and the birth of photography, Thomson first traveled to Asia in 1862 where he set up a professional photographic studio. The local culture and the people of Asia fascinated him, and in 1868 he made his second trip, this time settling in Hong Kong. Between 1868 and 1872, Thomson made extensive trips to Guangdong, Macao (see his impressions above the photo), Fujian, Beijing, China's northeast and down the Yangtse River, covering nearly 8000 miles.
Thomson photographed a wide variety of subjects, from ethnography to antiques, beggars to princes, palaces to monasteries, villages to large rivers. He was one of the first Westerners to photograph Beijing and its surrounding areas, including famous historical sites like the Great Wall of China and the tombs of the emperors of the Ming Dynasty. The photos appeared in publications at the time like China Magazine, and were included in his book "Through China with a Camera", which he published upon his return to London in 1898. There is also a catalogue with J. T. photos published in 2010 by Betty Yao: "China: Through the Lens of John Thomson (1868-1872)"
quarta-feira, 28 de agosto de 2019
Alfredo Ritchie: 1947-2019
Alfredo Ritchie morreu, esta madrugada, aos 72 anos, vítima de doença prolongada.
Natural de Macau, Alfredo Ritchie tirou o curso de Medicina na Universidade Clássica de Lisboa, estagiou no Hospital dos Capuchos e, em 1974, iniciou o serviço militar em Mafra e no Hospital da Estrela.
Em Novembro do mesmo ano, meses depois do 25 de Abril, regressa a Macau como alferes médico miliciano. Em simultâneo, ingressa nos Serviços de Saúde, numa altura em que existiam poucos médicos, como recordou o próprio Alfredo Ritchie, da área da gastrenterologia, numa entrevista ao Jornal Tribuna de Macau, em 2012.
“Era um profundo amante de Macau e das suas gentes e da maneira como Macau vive e o modo de estar dos macaenses. Era um indíviduo que lutava por preservar isto. Era um dos acérrimos defensores da comunidade macaense e da sua cultura e demonstrou-o de várias formas”.
Miguel de Senna Fernandes, que dirige os ‘Dóci Papiaçám di Macau’, destaca ainda o papel desempenhado pelo homem que foi, de resto, uma das principais estrelas do grupo de teatro em patuá. “Ele enalteceu muito o palco dos ‘Dóci Papiaçám’ – foi um daquelas pedras únicas que nós temos. Desde 2001 até ao ano passado ele sempre teve um papel – foi o actor que mais representou”.
Mas Alfredo Ritchie foi muito mais para o presidente da Associação dos Macaenses. Foi “conselheiro” e “voz de apoio e de suporte” e, aliás, quem o incentivou a arriscar concorrer ao cargo de deputado em 1992.
“Foi a primeira pessoa que me inspirou e me levou a aceitar concorrer às eleições legislativas. Claro que foi um desaire em termos de resultados, mas foi uma grande experiência”.
Natural de Macau, Alfredo Ritchie tirou o curso de Medicina na Universidade Clássica de Lisboa, estagiou no Hospital dos Capuchos e, em 1974, iniciou o serviço militar em Mafra e no Hospital da Estrela.
Em Novembro do mesmo ano, meses depois do 25 de Abril, regressa a Macau como alferes médico miliciano. Em simultâneo, ingressa nos Serviços de Saúde, numa altura em que existiam poucos médicos, como recordou o próprio Alfredo Ritchie, da área da gastrenterologia, numa entrevista ao Jornal Tribuna de Macau, em 2012.
Alfredo Ritchie, marido da ex-presidente da Assembleia Legislativa Anabela Ritchie, deixa dois filhos.
À Rádio Macau, o presidente da Associação dos Macaenses, Miguel de Senna Fernandes, descreve Alfredo Ritchie como “um dos mais acérrimos defensores da comunidade macaense”.“Era um profundo amante de Macau e das suas gentes e da maneira como Macau vive e o modo de estar dos macaenses. Era um indíviduo que lutava por preservar isto. Era um dos acérrimos defensores da comunidade macaense e da sua cultura e demonstrou-o de várias formas”.
Miguel de Senna Fernandes, que dirige os ‘Dóci Papiaçám di Macau’, destaca ainda o papel desempenhado pelo homem que foi, de resto, uma das principais estrelas do grupo de teatro em patuá. “Ele enalteceu muito o palco dos ‘Dóci Papiaçám’ – foi um daquelas pedras únicas que nós temos. Desde 2001 até ao ano passado ele sempre teve um papel – foi o actor que mais representou”.
Mas Alfredo Ritchie foi muito mais para o presidente da Associação dos Macaenses. Foi “conselheiro” e “voz de apoio e de suporte” e, aliás, quem o incentivou a arriscar concorrer ao cargo de deputado em 1992.
“Foi a primeira pessoa que me inspirou e me levou a aceitar concorrer às eleições legislativas. Claro que foi um desaire em termos de resultados, mas foi uma grande experiência”.
“Vai deixar muitas saudades”, sublinha Miguel de Senna Fernandes.
In TDM - Rádio Macau
In TDM - Rádio Macau
terça-feira, 27 de agosto de 2019
O Templo da Cura
Considerado o primeiro hospital de estilo ocidental na China, foi criado em 1569 pelo bispo D. Belchior Carneiro no âmbito da Santa Casa da Misericórdia. Entre os chineses o que começou por se chamar Hospital dos Pobres ou Hospital da Mizericórdia era conhecido como I Yan Miu, ou seja, Templo da Cura.
O edifício original de 1569 foi reconstruído em 1640, 1747, 1766 e 1840 (passou a ter mais um piso e a chamar-se S. Rafael). A traça actual - na Rua Pedro Nolasco da Silva (desde 1942) - remonta a 1939 quando sofreu as primeiras alterações substanciais.
De acordo com Ana Tostões, "trata‐se de um grande edifício desenvolvido a partir de uma fachada em U com dois torreões avançados em cada ponta e um corpo central recuado e totalmente avarandado nos seus três pisos. O eixo de simetria é marcado centralmente, assinalado por uma varanda mais larga que é coroada por um frontão. Os torreões laterais têm uma expressão maciça, onde se abrem janelas com portadas exteriores e bandeiras colocadas sobre a verga, destinadas à circulação permanente de ar entre interior e exterior."
Depois de encerrado como unidade hospitalar, foi em 1988 adaptado à Sede da Autoridade Monetária e Cambial de Macau. Desde 1999 alberga o Consulado Geral de Portugal na R.A.E. de Macau.
segunda-feira, 26 de agosto de 2019
O sino do Seminário de Cucujães
Imagem actual onde se pode ver a fachada principal da igreja do antigo Mosteiro do Couto de
Cucujães, actual igreja paroquial de S. Martinho de Cucujães. |
O Seminário de Cucujães fica na vila de Cucujães (Oliveira de Azeméis) foi mosteiro e abadia beneditina desde o princípio da nacionalidade portuguesa. Nacionalizado e confiscado em 1834 e 1910, foi vendido em hasta pública em 1923 e comprado pelo missionário de Moçambique, P. José Vicente do Sacramento, que o ofereceu para Seminário das Missões. Foi então renovado e ampliado pelo Superior dos Colégios das Missões, D. Teotónio Vieira de Castro, que, em 1924, ali instalou o segundo Seminário das Missões na continuação do primeiro Seminário aberto, em 1921, no Convento de Cristo de Tomar. Em 1930 passou a pertencer à Sociedade Missionária por ordem do Papa Pio XI.
Até 1968 foi Seminário Maior, da Sociedade Missionária, para os seminaristas de Filosofia, de Teologia e de Formação Espiritual, e para Formação de Irmãos Leigos, e foi também a sede da Direcção da Sociedade. Nessa altura os cursos de Filosofia e Teologia passaram para o novo Seminário de Valadares, a Formação Espiritual para o Seminário de Tomar, e a Direcção da Sociedade para Lisboa. Actualmente o Seminário é o centro da Animação Missionária da Sociedade.
Vem tudo isto a propósito do sino da igreja que foi fundido em Macau. O sino fez parte de uma Exposição de Arte Sacra Missionária realizada em 1951 no Mosteiro dos Jerónimos.
domingo, 25 de agosto de 2019
"Vinhos Superiores de Lisboa/ Superior Lisbon Wines"
Anúncio publicado no Boletim Oficial de 21.6.1851
O almude - do árabe al-mudd e aparece na documentação portuguesa desde a primeira metade do século XI - é uma unidade de medida de capacidade para líquidos, especialmente para vinho, que variava de região para região e foi sendo alterado ao longo dos tempos. Na época moderna, o almude oficial equivalia a 16,8 litros, no entanto, em diferentes regiões de Portugal, usavam-se almudes que podiam atingir o equivalente a dois alqueires. Podiam existir almudes diferentes para diferentes líquidos. Em Coimbra, por exemplo, o almude era equivalente a 20 litros se fosse de vinho e 10 litros se fosse de azeite.
sábado, 24 de agosto de 2019
sexta-feira, 23 de agosto de 2019
Calçada à Portuguesa: emissão filatélica 2016
Em Julho de 2016 os CTT Correios de Portugal lançaram uma emissão filatélica dedicada à Calçada Portuguesa com quatro selos que a representam, nomeadamente no Jardim da Estrela em Lisboa, na Praça Velasquez no Porto, no Funchal na ilha da Madeira, e no Jardim Duque da Terceira nos Açores, além de um bloco com quatro selos da calçada portuguesa em Macau (Praça Ferreira do Amaral), Espanha, Brasil e Estados Unidos da América.
quinta-feira, 22 de agosto de 2019
quarta-feira, 21 de agosto de 2019
Medalha Hawker Osprey III - Centro de Aviação Naval
Esta medalha em bronze evoca os anos de 1938-1942 em que os Hawker Osprey III marcaram presença no Oriente ao fazerem parte do Centro de Aviação Naval de Macau sendo transportados pelos NRP (navios) Afonso de Albuquerque e Bartolomeu Dias. (1935-1938). Antes existiram outros...
O Hawker (construído no Reino Unido pela Hawker Aircraft Ltd.) era um hidroavião monomotor (Rolls Royce) de flutuadores, ou avião terrestre de trem de aterragem convencional fixo, com patim de cauda, biplano, revestido a tela, com a parte anterior da fuselagem revestida a metal. A cabine era descoberta e dava lugar a uma tripulação composta por piloto e observador. Era destinado a missões de caça e reconhecimento.
Quando, nos primeiros anos da década de trinta, a Marinha de Guerra Portuguesa renovou a frota, adquiriu vários navios de guerra construídos em estaleiros britânicos, entre os quais os avisos de 1ª classe «Afonso de Albuquerque» e «Bartolomeu Dias», equipados com hidroaviões de combate e reconhecimento Hawker Osprey, que eram arriados e içados dos navios através de gruas.
Assim, foram encomendados dois Hawker Osprey Mk III em 1934. O primeiro foi recebido em Maio de 1935, fazendo parte do equipamento do navio «Afonso de Albuquerque» e o segundo em 1936, juntamente com o navio «Bartolomeu Dias». Receberam, respectivamente, os números 71 e 72. A guerra sino-japonesa levantou a necessidade da reactivação do Centro de Aviação Naval (CAN) de Macau que, em Maio de 1938, foi equipado com os dois Hawker Osprey mencionados acima e mais quatro adquiridos pelo Ministério das Colónias. Todos estes aviões - incluindo os ex-embarcados - receberam numeração própria do CAN de Macau, de 1 a 6.
No início de 1940, por acção directa do Comandante do CAN de Macau, foram adquiridos à Fleet Air Arm dois hidroaviões iguais, aumentando o efectivo para oito unidades. Tudo leva a crer que receberam os números 7 e 8 daquele CAN.
Os Hawker Osprey da Aviação Naval (A.N.) estavam inteiramente pintados em alumínio, com base dos flutuadores a preto. A insígnia da Cruz de Cristo, sobre círculo branco, estava colocada no extra-dorso das asas superiores e no intradorso das asas inferiores. As cores nacionais, com o escudo, cobriam todo o leme de direcção. Os números de matrícula estavam pintados em grandes algarismos pretos nos painéis laterais dos motores e ainda na cauda, sob os estabilizadores horizontais, embora em algarismos de pequenas dimensões. Quando ao serviço do CAN de Macau, apresentavam nos lados da fuselagem, imediatamente atrás do bordo de fuga das asas, a Cruz de Cristo sobre um quadrado branco. No leme de direcção, as cores nacionais não tinham o escudo sobreposto. Estas singularidades fugiam às normas adoptadas na época pela A.N.
Os Hawker Osprey foram retirados de serviço em 1941, provavelmente sem terem regressado à metrópole. Há quem refira que esses aviões foram destruídos pela aviação americana em 1941, num ataque que fizeram a Macau, julgando que o território estivesse ocupado pelos japoneses.
Assim, foram encomendados dois Hawker Osprey Mk III em 1934. O primeiro foi recebido em Maio de 1935, fazendo parte do equipamento do navio «Afonso de Albuquerque» e o segundo em 1936, juntamente com o navio «Bartolomeu Dias». Receberam, respectivamente, os números 71 e 72. A guerra sino-japonesa levantou a necessidade da reactivação do Centro de Aviação Naval (CAN) de Macau que, em Maio de 1938, foi equipado com os dois Hawker Osprey mencionados acima e mais quatro adquiridos pelo Ministério das Colónias. Todos estes aviões - incluindo os ex-embarcados - receberam numeração própria do CAN de Macau, de 1 a 6.
No início de 1940, por acção directa do Comandante do CAN de Macau, foram adquiridos à Fleet Air Arm dois hidroaviões iguais, aumentando o efectivo para oito unidades. Tudo leva a crer que receberam os números 7 e 8 daquele CAN.
Os Hawker Osprey da Aviação Naval (A.N.) estavam inteiramente pintados em alumínio, com base dos flutuadores a preto. A insígnia da Cruz de Cristo, sobre círculo branco, estava colocada no extra-dorso das asas superiores e no intradorso das asas inferiores. As cores nacionais, com o escudo, cobriam todo o leme de direcção. Os números de matrícula estavam pintados em grandes algarismos pretos nos painéis laterais dos motores e ainda na cauda, sob os estabilizadores horizontais, embora em algarismos de pequenas dimensões. Quando ao serviço do CAN de Macau, apresentavam nos lados da fuselagem, imediatamente atrás do bordo de fuga das asas, a Cruz de Cristo sobre um quadrado branco. No leme de direcção, as cores nacionais não tinham o escudo sobreposto. Estas singularidades fugiam às normas adoptadas na época pela A.N.
Os Hawker Osprey foram retirados de serviço em 1941, provavelmente sem terem regressado à metrópole. Há quem refira que esses aviões foram destruídos pela aviação americana em 1941, num ataque que fizeram a Macau, julgando que o território estivesse ocupado pelos japoneses.
In "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX", da autoria de Adelino Cardoso, Ed. Essencial, Lisboa 2000.
terça-feira, 20 de agosto de 2019
Travessa dos Anjos
O troço foi baptizado como Travessa dos Anjos em 1869 e foi durante muito tempo zona de ricas mansões de comerciantes chineses abastados nomeadamente no nro. 37 a mansão Song com as suas características persianas horizontais.
A Travessa dos Anjos junto à Rua do Campo: década 1970
Henrique de Senna Fernandes escreve a esta propósito no texto "Rua das Mariazinhas" publicado no livro Mong-Há pelo ICM em 1998, começando por recordar memórias da década de 1930
"(...) A Travessa dos Anjos que comunica directamente a Rua do Campo com a Rua de S. Domingos, era no meu tempo da Primária uma via típica de casario chinês, mas atapetada de calçada portuguesa. Paredes de tijolos cinzentos, portas de espaldar, casebres alternando-se com edificações de dois pisos, teia de vielas estreitas escoando para ela, muros cercando pátios interiores com outras tantas residências, formando verdadeiras ilhas que se isolavam, quando o portão se encerrava, às tantas da noite.
Como acontece ainda hoje, era um trilho movimentado e ideal para quem quisesse encurtar caminho. Os peões palmilhavam-no à vontade, embaraçados apenas pelos vendilhões ambulantes, o homem dos tin-tins e pelas aguadeiras de trança comprida que iam buscar água aos poços dos pátios. Uma ou outra lojeca mal amanhada quebrava a nota residencial. Casas de pasto não havia, pois a Rua de S. Domingos ficava mesmo à volta da esquina. A travessa era, em conjunto, um bocado de cidade chinesa encravado no coração da "cidade cristã".
Nalgumas portas, porém, velhinhas se sentavam, vendendo em tabuleiros rebuçados e achares chineses, amendoins e pevides de casca preta ou branca, tacos de cana-de-açúcar, cortados com mestria para serem iguais em comprimento. Eu tinha os meus tabuleiros favoritos. Um pelos achares, outro pelos tacos de cana-de-açúcar e outro pelos amendoins. As velhinhas conheciam-me. Tudo se pagava com cobres ou cens que pesavam incomodamente nas nossas algibeiras, cheirando mal. Uma moeda de prata de vinte avos tinha, pelo menos, vinte a trinta cobres ou pouco mais, conforme o câmbio do dia. A garotada só possuía cobres, uma moeda de prata era excepção e uma nota de uma pataca era sentir-se rei. (...)"
segunda-feira, 19 de agosto de 2019
Retratação pública no século XIX
Retratação pública do redactor e proprietário do jornal de Hong Kong "Daily Press" - Y. J. Murrow - publicada no Boletim do Governo
domingo, 18 de agosto de 2019
Foto-Legenda: Tap Seac ca. 1910
Perspectiva do Campo do Tap Seac na década de 1910, na altura tb conhecido por Campo Coronel Mesquita. Na foto-legenda mostra-se ainda o aspecto actual de alguns dos edifícios. Nota: clicar na imagem para ver em tamanho maior.
sábado, 17 de agosto de 2019
O declínio da indústria dos fósforos
Depois do período áureo das décadas de 1950 e 1960 a indústria da produção de fósforos começou a entrar em declínio no final da década de 1960.
Vejam-se os valores obtidos com as exportações destes produtos Made In Macau entre 1969 e 1975.
No blog existem inúmeros posts sobre o tema. Basta utilizar o campo de pesquisa ou as etiquetas.
Vejam-se os valores obtidos com as exportações destes produtos Made In Macau entre 1969 e 1975.
No blog existem inúmeros posts sobre o tema. Basta utilizar o campo de pesquisa ou as etiquetas.
1969 ……………………….$ 667 523,00
1970 ……………………….$ 483 800,00
1971 ……………………….$ 572 600,00
1972 ……………………….$ 332 150,00
1973 ……………………….$ 380 129,00
1974 ……………………….$ 60,845,00
1975 ……………………….$ 8 960,00
sexta-feira, 16 de agosto de 2019
Mil Patacas: 8 Agosto 1988
Sabia que em Lisboa existe o Beco das Mil Patacas? Mas não é disso que vou falar neste post. Estas Mil Patacas são notas. Um milhão e quinhentas mil para ser exacto.
A 8 de agosto de 1988, o Banco Nacional Ultramarino (de Macau) emitiu uma nota de 1000 patacas (imagem acima). Era e continua a ser o valor facial mais elevado das notas de Macau. Mas o que a tornou especial foi a conjugação de alguns factores considerados auspiciosos entre os chineses:
- o número oito em chinês (ba) é semelhante a palavra "enriquecer" (fa; 發), a data da emissão ocorre apenas uma vez em cada século.
Outro facto curioso foi a substituição do habitual brasão de armas de Portugal pelo logótipo do Banco Nacional Ultramarino.
Ficha técnica:
Impressa pela Thomas de La Rue, Gravadores - Londres, Entrada em circulação - 1988, Diplomas legais - Decreto-Lei n.º 68/88/M, de 08/08/1988. Boletim Oficial de Macau n.º 32, de 08/08/1988. Mais detalhes aqui.
Impressa pela Thomas de La Rue, Gravadores - Londres, Entrada em circulação - 1988, Diplomas legais - Decreto-Lei n.º 68/88/M, de 08/08/1988. Boletim Oficial de Macau n.º 32, de 08/08/1988. Mais detalhes aqui.
Na transferência de soberania, a 20 de Dezembro de 1999, foi feita nova emissão deste valor. Imagem acima com um número de série também auspicioso.
quinta-feira, 15 de agosto de 2019
As 'sobrecargas"...
No mundo da filatelia a sobrecarga é entendida como a imagem ou legenda impressa sobre o selo, podendo ou não alterar a finalidade original da emissão. Nestes exemplos que seleccionei encontramos sobretudo a alteração dos valores faciais. Mas também há casos que reflectem a mudança de regime político, da monarquia para a república.
quarta-feira, 14 de agosto de 2019
Ronda pelo Ultramar: Macau a Pérola do Oriente
Ronda pelo Ultramar - Macau, a Pérola do Oriente
Director: Nuno de Sousa e Castro Editor: Fernando Laidley
Propriedade: Edições Tapete Mágico - Junho 1961
terça-feira, 13 de agosto de 2019
Macao en Taxi
Brochura publicada na década de 1990 em França - Macao en taxi - com um resumo da história de Macau e que, no essencial, se pode resumir assim:
"Macao est un petit territoire du sud de la Chine proche de Hong Kong qui était administré par le Portugal jusqu'en décembre 1999. Depuis la rétrocession à la Chine Macao est devenue une Région Administrative Spéciale (RAS) jouissant ainsi d'une grande autonomie et d'une législation particulière. Une des plus grandes particularités du territoire est que le jeu d'argent y est autorisé. Ainsi s'est organisé ces dernières décennies un immense business du jeu et les casinos de la ville attirent chaque année plus de 22 millions de visiteurs venus principalement de Chine et de Hong Kong.
Macao est alors connue pour être le "Las Vegas chinois" mais ça n'est pas là la seule particularité de la ville. Avec plus de 400 ans de présence dans la région les portugais ont laissés de nombreuses traces de leur passage dont le centre historique de Macao classé au patrimoine de l'Unesco."
"Macao est un petit territoire du sud de la Chine proche de Hong Kong qui était administré par le Portugal jusqu'en décembre 1999. Depuis la rétrocession à la Chine Macao est devenue une Région Administrative Spéciale (RAS) jouissant ainsi d'une grande autonomie et d'une législation particulière. Une des plus grandes particularités du territoire est que le jeu d'argent y est autorisé. Ainsi s'est organisé ces dernières décennies un immense business du jeu et les casinos de la ville attirent chaque année plus de 22 millions de visiteurs venus principalement de Chine et de Hong Kong.
Macao est alors connue pour être le "Las Vegas chinois" mais ça n'est pas là la seule particularité de la ville. Avec plus de 400 ans de présence dans la région les portugais ont laissés de nombreuses traces de leur passage dont le centre historique de Macao classé au patrimoine de l'Unesco."
segunda-feira, 12 de agosto de 2019
O jetfoil "Madeira"
Os jetfoil sucederam aos hydrofoil nas ligações marítimas entre Macau e Hong Kong. O projecto teve início em 1974 e entrou em funcionamento em 1976 com o nome "929" referente ao projecto de embarcação movida a jacto de água para o transporte de passageiros desenvolvido pela Boeing. Literalmente pode ser traduzido por "voando sobre as águas".
Esta fotografia/postal mostra o Jetfoil "Madeira" (da Boeing) em Puget Sound (vendo-se ao fundo o Monte Rainier) em Seattle, Washington (EUA) durante os testes antes da entrega ao cliente final a 7 de Fevereiro de 1975, a Far East Hydrofoil de Hong Kong que operava as ligações marítima com Macau.
O "Madeira" tinha como velocidade máxima os 45 nós (83km/h) e capacidade para transportar 284 passageiros. Ao contrário de outros entregues nesta altura (Flores, S. Jorge, Açores, por exemplo...), o "Madeira" não era em segunda mão. Foi construído de raiz pela Boeing Marine Systems in Renton, Washington, sendo mesmo o primeiro a ser entregue ao cliente da série produzida neste ano de estreia da empresa. Foi retirado do serviço em 2013 depois de um acidente. O "Santa Maria" foi o segundo jetfoil a chegar a Macau ainda em 1975.
O "Madeira" tinha como velocidade máxima os 45 nós (83km/h) e capacidade para transportar 284 passageiros. Ao contrário de outros entregues nesta altura (Flores, S. Jorge, Açores, por exemplo...), o "Madeira" não era em segunda mão. Foi construído de raiz pela Boeing Marine Systems in Renton, Washington, sendo mesmo o primeiro a ser entregue ao cliente da série produzida neste ano de estreia da empresa. Foi retirado do serviço em 2013 depois de um acidente. O "Santa Maria" foi o segundo jetfoil a chegar a Macau ainda em 1975.
Boeing Jetfoil "Madeira" being tested on Puget Sound prior to delivery in 1975 to Far East Hydrofoil of Hong Kong for the Hong Kong to Macau run. This Jetfoil was retired in 2013 after an accident.
The Jetfoil is an advanced design hydrofoil that employs fully submerged foils, automatic stabilization and control, and gas turbine powered waterjet propulsion to achieve high speed, rough sea operations. Introduction into regular passenger services during 1975 followed 7 months of extensive underway builders trials.
domingo, 11 de agosto de 2019
Pátio (Páteo) do Godão
Este desenho de Thomas Watson (1815-1860) tem como legenda "José Maria's Go Down - Inner Harbour - Macao". Em português "godown" significa godão, palavra do crioulo português proveniente do termo malaio "gudang" que significa armazém, espaço amplo situado no piso térreo de uma habitação, como o desenho documenta. A lembrar esses tempos idos ficou o topónimo "Pátio do Godão" arruamento (só com uma entrada) que fica junto à Rua do Almirante Sérgio, no Porto Interior.
Placa toponímica actual: foto de Nela Silva |
sábado, 10 de agosto de 2019
sexta-feira, 9 de agosto de 2019
Troço da rua de António Basto
Pequeno troço da Rua de António Basto. À esquerda a Rua de Silva Mendes e à direita a Av. Sidónio Pais. Em cima na década de 1960 e em baixo no século XXI. Esta zona fica junto à Casa Memorial de Sun Iat Sen.
quinta-feira, 8 de agosto de 2019
Macau por Manuel Antunes Amor
Manuel Antunes Amor (1881-1940), foi professor do ensino primário nas colónias portuguesas do Oriente e “cinegrafista” amador. Começou a filmar em Macau (1922) e depois na Índia portuguesa. Em 1924, de licença de férias em Portugal, apresentou o seu primeiro documentário do território em Lisboa e no Porto. Antes, em Maio de 1922, o mesmo filme tinha sido exibido no território (no cinematógrafo). O registo destinava-se à Exposição do Rio de Janeiro. Manuel Antunes Amor era na altura Inspector de Instrução Primária do Estado da Índia. Dessa passagem por Macau resultará ainda um artigo de Manuel Antunes Amor, publicado na “Ilustração Portugueza”, n.º 896, 1923, com várias fotografias do território e onde escreve:
“Quem não conhecer Macau de visu, não poderá fazer idéa das belezas naturais que ornam aquela nossa pérola do Extremo Oriente. Gozando duma prosperidade, hoje inegualada por qualquer outra das nossa colonias, mercê dos milhões de patacas auferidos pelo Estado, com os monopólios do fabrico do opio, do jogo do fan-tan, das loterias do san-pio e p´u-pio, do sal, etc (...)
O seu segundo documentário é já do final da década de 1920 dando uma entrevista à revista Cinéfilo, publicada no nº 98, de 5 de Julho de 1930.
As imagens acima (Av. Almeida Ribeiro) são de um documentário (sem som) de 1935 intitulado "Macau cidade progressiva e monumental" com a duração de 6 minutos. Nas imagens podem ver-se Baía da Praia Grande, avenidas principais, riquexós, edifícios públicos e Leal Senado, Portas do Cerco, jogo do "Clu-Clu" pelo Ano Novo, jardins das Obras Públicas e Gruta de Camões, Porto Interior, movimento do Porto.
Sobre Macau Manuel Antunes Amor produziu e realizou os seguintes títulos:
Macau (1924) e Macau (1928); Porto de Macau (1935); Macau - Aspectos Pitorescos (1935) e Macau - Cidade Progressiva e Monumental (1935).
Sobre Macau Manuel Antunes Amor produziu e realizou os seguintes títulos:
Macau (1924) e Macau (1928); Porto de Macau (1935); Macau - Aspectos Pitorescos (1935) e Macau - Cidade Progressiva e Monumental (1935).